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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Encontrando o Amor no Simples

















Você se encaixa em mim de um jeito difícil de explicar. Você vai organizando seu corpo de forma que todas as partes dele se encostem nas minhas.

O meu braço comprido passa por debaixo da sua nuca, no vão exato da curvinha do teu pescoço. Meu braço as vezes formiga por ser esmagado pela tua cabeça – mas eu nunca reclamo. A gente se deita e eu, automaticamente, vou passando meu braço grande pelo vãozinho do teu pescoço, enquanto o outro se fecha por cima do teu busto. É quase uma chave de braço de amor.

E eu coloco minha perna pesada sob a sua, quase te esmagando. Se eu fosse qualquer outra criatura, acho que pediria que eu logo tratasse de tirar tal peso de você – mas do meu peso você parece gostar. É um amor masoquista.

E, se você dá bobeira, tranço logo meus pés nos seus. A gente se contorce pra achar um jeito da trança não limitar totalmente nossos movimentos. Passo meu pé, que perto do seu fica gigante, por entre seus calcanhares e o ninho está feito. A verdade mesmo é que quero grudar em você, centímetro por centímetro.




E eu então encaixo meu rosto na sua nuca. E respiro. E o ar quente vai aquecendo ainda mais o teu corpo, que, a essa altura, já não sabe mais o que é o frio. É o extremo do aconchego, me mostrando que você está realmente ali.

Eu amo até o ar que sai de você.

E eu puxo teu quadril imponentemente de encontro ao meu, formando o encaixe perfeito. A sensação da sua bunda no meu pau seria extremamente erótica, se não fosse o conforto proporcionado por essa posição.

Nessas horas, o sexo, que, em alguns momentos, parece latejar nas nossas veias com a urgência de quem precisa de oxigênio para funcionar, de repente não parece mais tão urgente assim. De fato, ele vira coisa secundária, coadjuvante, diante do aconchego que o seu corpo grudado no meu proporciona. E nessa vida na qual se mata um leão por dia, na qual sabe-se de cor em quem se pode confiar e na qual por tantas vezes nos sentimos fracos e desamparados em meio a um oceano de gente, esse conforto é coisa rara.


















Cada centímetro do meu corpo venera cada centímetro do seu. Dali, friagem nenhuma se aproxima. E eu me recuso a pensar que aquilo não é amor. Talvez o amor que as pessoas busquem tanto esteja nos micro-prazeres escondidos por trás das delicadezas da vida e do encaixe das conchinhas. E aí tenho certeza de que, naquele momento, a energia que borbulha dos nossos corpos colados nada mais é do que o amor transbordando.

Me esforço pra continuar acordado, sentindo cada segundo daquilo que me completa, que me faz bem. É como celular na tomada recarregando a bateria. Mas o injusto da conchinha é que ela alcança um nível tão alto de conforto, que já não é mais possível manter os olhos abertos. Naquele estágio entre a consciência e o sono profundo, penso pela última vez no dia que, com ou sem sexo, gosto profundamente de você. E ouvindo a sua respiração igualmente profunda, sintonizo a minha com a sua e adormeço.

Caio Fernando já dizia – coisa simples é lindo, e existe muito pouco.

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